fev 8 2016
Imagens demais
Anos atrás uma amiga violonista dizia de sua necessidade de preservar paredes brancas em sua casa, para que pudesse preenchê-las com sua imaginação imaterial. Na semana passada, a Lara me contou a história do músico que inventou sete minutos de silêncio num concerto, introduzindo assim o silêncio na música. Chico Buarque, há tempo, falou poeticamente que um copo vazio está cheio de ar. Esses, os artistas.
Vejamos os pensadores. A respeito dos dadaístas, Walter Benjamin disse que eles recuperaram para a arte a experiência tátil, a mais fundamental de todas. Ítalo Calvino, diante da inexorabilidade das mediações verbais do mundo, propõe levantar os olhos da página para sondar a escuridão. Suely Rolnik, face à comunicação de massa, fala da necessidade de des-anestesiamento das subjetividades.
fev 22 2016
Percepção e memória
Para Bergson, a matéria é um conjunto de “imagens”, sendo que a imagem é uma existência situada entre a “coisa” e a “representação”. De saída, há aí a expressão de uma inevitável mediação, ao que o autor acrescenta: Chamo de matéria o conjunto das imagens, e de percepção da matéria essas mesmas imagens relacionadas à ação possível de uma certa imagem determinada, “meu corpo”. Tudo se passa como se, nesse conjunto de imagens que chamo universo, nada se pudesse produzir de realmente novo a não ser por intermédio de certas imagens particulares, cujo modelo me é fornecido por meu corpo.
Inicialmente haveria o conjunto das imagens, e, nele, existiriam “centros de ação” contra os quais as imagens interessantes pareceriam se refletir. Deste modo, com a reflexão das imagens interessantes, nasceriam as percepções e seriam preparadas as ações. O corpo é o que se desenharia no centro dessas percepções, e se deveria relacionar tais ou quais ações à pessoa do corpo. (Assim, não haveria percepção que não estivesse impregnada de lembranças, ainda que diferentes ordens e naturezas)
[Continuar leitura]
By suzana • Referências •